IndieLisboa: ‘Mate-me Por Favor’

por Miguel Fernandes Duarte,    24 Abril, 2016
IndieLisboa: ‘Mate-me Por Favor’
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Neste 4º dia do IndieLisboa (que decorre até dia 1 de Maio), viemos ver, ao Grande Auditório da Culturgest, a longa-metragem de Anita Rocha da Silveira, Mate-me Por Favor, presente na competição internacional do festival.

Miúdas de 15 anos normais, vidas na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, que poderiam ser em qualquer outra parte do mundo, com as suas aventuras, desventuras, descobertas, partilhas. Até que começam as mortes. Raparigas, várias em curtos períodos de tempo, são violadas e despejadas, já mortas, no meio da Barra, nos caminhos que as raparigas percorrem entre os prédios, os baldios e a floresta, todos os dias, para se deslocarem para a escola.

É de uma dessas mortes, a cena inicial do filme, num estilo meio irreal, a lembrar certos filmes de terror. Mas depois surgem-nos, em tom cómico e solarengo, as vidas das quatro amigas, com especial ênfase em Bia, a principal, que vive com o seu irmão meio deprimido e com a mãe, sendo que esta última nunca aparece, apenas sabemos que está ausente em casa do seu namorado Leandro. É, portanto, neste ambiente de alguma displicência, que ela é largada ao Deus-dará.

Mate-me Por Favor

As vidas das quatro raparigas, inicialmente tocadas apenas por mera curiosidade para com os casos, acabam por se ir alterando, nomeadamente quando são as próprias a encontrar o corpo de uma das raparigas, que Bia, numa tentativa de salvamento, beija. Enquanto tentam fazer sentido dos seus problemas adolescentes (o amor, o sexo, a amizade, a religião, etc), vêm-se ao mesmo tempo obrigadas a ter de o fazer também para a morte destas raparigas.

Ao mesmo tempo, outras dimensões do filme vão ganhando espaço, como o irmão de Bia que, entre o ócio com que parece ocupar todo o seu dia, busca uma rapariga com quem estava, e que não vê nem lhe responde há algumas semanas, ou a frequente sátira à influência de um certo tipo de igreja nos jovens, muito mais presente em sociedades como a brasileira do que na nossa.

No final, acabam por ser as tais alterações provenientes da resposta às mortes e às vicissitudes das suas vidas que acabam por comprometer, em parte, o filme. A parte final acaba por tomar um rumo que o resto do filme não parecia pedir, com uma série de cenas que parecem saídas do nada, um pouco mal coladas talvez, ou mesmo forçadas face ao anteriormente visto. Mas talvez o problema nem seja tanto esse, mas sim uma certa tentativa de querer dar uma dimensão ao filme que não parece muito compatível com a exploração inicial da vida destas 4 raparigas.

Mate-me Por Favor tem nova sessão dia 25 de Abril, segunda-feira, às 21h00, no Cinema Ideal. Em baixo podem assistir ao trailer:

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