‘A Weird Exits’: ao 17º álbum os Thee Oh Sees continuam a ser uma banda vital do garage rock

por Bernardo Crastes,    18 Agosto, 2016
‘A Weird Exits’: ao 17º álbum os Thee Oh Sees continuam a ser uma banda vital do garage rock
Capa do disco
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Numa ocorrência que não surpreende ninguém, os Thee Oh Sees estão de regresso com mais um álbum, lançado no passado dia 12 de Agosto. Uma banda extremamente prolífica, que lança entre um a dois álbuns por ano, que está constantemente em tour, que mal anunciou um hiato, quebrou-o prontamente com o lançamento de Drop, de 2014.

O mastermind do projecto é John Dwyer, de 41 anos, acompanhado de uma roda-viva de elementos em constante mudança. Desde Mutilator Defeated at Last, do ano passado, que a banda tem agora a presença de dois bateristas, o que trouxe algumas mudanças à sua sonoridade.

Este A Weird Exits (sim, o título é mesmo assim) cruza o novo som da banda com aquilo a que os fãs já estão habituados. Baterias saltitantes, montes de teclados, canções que parecem todas elas um refrão; aliadas às explosões de noise e distorção. O que este álbum põe de novo na mesa é uma componente mística, ancorada por alguma experimentação e já referida por diversas publicações musicais, e uma redobrada sensação de amplidão sonora.

A canção que melhor espelha esta experimentação é “Jammed Entrance”, um jam que, ritmicamente, tem tudo para ser uma espécie de composição livre de jazz. Talvez seja um esticão, mas é algo que pode vir à mente de quem desconstruir a canção e não a descartar como um devaneio de Dwyer.

Falando de John Dwyer, é de destacar a sua voz, que tem tomado, em discos mais recentes, um lugar mais cativo. Ainda é fascinante o facto de conseguirmos realmente discernir as letras das canções! A sua voz oscila entre o noise rock arranhado em “Ticklish Warrior”, o punk monstruoso de “Gelatinous Cube” e o rock pastoral de “The Axis”, com tudo aquilo que há pelo meio.

A banda passa grande parte do início do álbum a dar murros no estômago aos ouvintes, com canções de muitas octanas, desenhadas para criar caos, cada uma à sua forma. Todas respeitantes a um mundo estranho (weird) bastante bem conjurado pela capa de Robert Beatty (responsável pelas capas de Currents, de Tame Impala, e Days, de Real Estate, entre outras).

À medida que nos aproximamos da saída, vemos a luz e chega “Crawl Out From the Fall Out”, o momento com mais mística. Oito minutos ancorados por violinos e teclados metálicos extraterrestres, é uma trip do melhor que há. “The Axis” continua a calmaria, mas de uma forma mais terrena, lidando com dilemas do coração. Estamos mesmo a sair deste universo e eis que chega um solo épico, digno de encher estádios. Tão épico e tão forte que estraga a música. Não no sentido de ser mau, mas no sentido de parecer que a música se parte, desvanecendo-se numa mescla de feedback. É o que nos traz de volta ao nosso universo.

A Weird Exits é, tecnicamente, o 17º álbum (!) dos Thee Oh Sees que continuam frescos e interessantes no panorama musical, muito pela genuinidade da sua música e pelo prazer a cada “woo!” e guitarrada de Dwyer como se fosse pela primeira vez.

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