A ternura dos quarenta de John Mayer

por Lucas Brandão,    19 Outubro, 2017
A ternura dos quarenta de John Mayer
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A 16 de outubro de 1977, nasceu, no estado de Connecticut, John Clayton Mayer. Transparecendo ainda a jovialidade que marcou o início da sua carreira profissional, são muitos os corações que vem confortando. Oscilando entre as baladas ternurentas e os solos arrebatadores, Mayer faz da guitarra a sua fiel companheira por onde perpassa. Embora perdendo vigor no seu poder vocal, o músico permanece a domar a guitarra como poucos, elaborando melodias irrepreensíveis e colaborando com outras lendas musicais, como B.B. KingBuddy Guy ou Eric Clapton. Considerado como um dos melhores músicos do século XXI, John Mayer vai muito além dos seus prediletos blues e de uma ortodoxia musical rígida, correspondendo qualitativamente às expectativas depositadas em tudo o que faz.

Filho de Richard e Margaret MayerJohn cresceu rodeado pelos seus irmãos num ambiente confraternizador e foi nesse positivo seio familiar que adquiriu a paixão pela guitarra. Ao assistir e ao ganhar empatia com o protagonista da franchise “Back to the Future” Marty McFly, o futuro músico começou a colecionar cassetes dos seus ídolos e a interpretar alguns dos seus êxitos. Fã de colossos do instrumento como Stevie Ray VaughanB.B. KingEric ClaptonJimi HendrixBuddy GuyAlbert King e outros, Mayer estava determinado em seguir as suas pisadas, estudando assim música na faculdade de Massachusetts. Embora a sua paixão primordial na música fosse o género dos blues, o cantor e guitarrista optou por embarcar, ainda nos seus primeiros trabalhos, numa rota mais ligada ao pop. Com esta assunção, acabou por granjear uma carreira repleta de prémios e uma grande quantidade de apreciadores do seu trabalho.

Afirmando-se também como compositor, John Mayer é um artista consensual e diversificado. Com letras acessíveis para o comum melómano, o músico associa as suas letras mais intensas e viris aos blues e ao rock mais clássico e as suas mais sentimentais e buriladas ao pop e às baladas. Concebido também como um mestre da guitarra tanto por admiradores como por colegas de profissão (entre outros, Eric Clapton e B.B. King), Mayer não é conotado como um cantor de imponente vocal mas mais de melodia e de adaptação nesse capítulo. Após uns problemas ao nível das cordas vocais, que até o forçaram a uma intervenção cirúrgica por volta de 2010, o norte-americano colocou o ênfase na conjugação dos sons e da sua voz do que na oscilação de tom da mesma. Porém, nunca viria a deixar as raízes de lado dos antigos membros dos Grateful Dead, formando o grupo de seu nome Dead & Company.

A sua discografia é diversa quanto ao género apresentado e essa multipolaridade impede que o cantor seja visto como monótono ou inflexível. Os álbuns de estúdio até hoje lançados a solo são:

  • Room for Squares (2001)
  • Heavier Things (2003)
  • Continuum (2006)
  • Battle Studies (2009)
  • Born and Raised (2012)
  • Paradise Valley (2013)
  • The Search for Everything (2017)
  • Sob Rock (2021)

Com uma vida pessoal bastante preenchida (vários romances com outras celebridades), e alguns problemas de saúde que afetaram a sua carreira, nenhuma destas circunstâncias belisca o talento e o prestígio de John Mayer. Tratando-se indubitavelmente de um dos melhores guitarristas e cantores da atual geração, o músico também apresenta currículo no que toca a stand-up comedy, à apresentação e à escrita. Apesar de militar por imensos géneros musicais como o country, o folk, o pop, o rock, o soul ou o jazz, a sua praia tem uma tonalidade azul. Os blues estão bem enraizados na identidade de John Mayer e é aí que todo o seu talento acaba por ser potenciado.

A paixão que deposita nas suas composições e/ou adaptações do género chega com muita facilidade ao ouvinte através de solos fascinantes e meticulosos e de uma voz que, não obstante as vicissitudes, é vivaz e contagiante. Contagiante na medida em que nos faz cantar, nos faz trautear o que a guitarra produz e nos aconchega o sistema auditivo. É assim que se vive a música. Sentindo-a com os sentidos. Um pleonasmo da relação entre a música e a vida. É disto que se trata John Mayer, na sua ternura dos 40.

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