A simplificação da harmonia em ‘A flame my love, a frequency’, de Colleen

por João Horta,    29 Outubro, 2017
A simplificação da harmonia em ‘A flame my love, a frequency’, de Colleen
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Em 2001, Cécile Schott era uma professora de Língua Inglesa, em Paris. Naquele ano, um amigo ofereceu-lhe um software de produção musical. Dois anos depois, apresentou-se ao mundo como Colleen, e através da editora Leaf Label lançou o primeiro disco Everyone Alive Wants Answers. Depois de ter editado em 2015, Captain of None, a produtora e multi-instrumentalista francesa volta este ano, com o sétimo longa-duração: A flame my love, a frequency.

Facilmente poderíamos descrever este disco como uma viagem ‘loopica’, onde as repetições melódicas estão constantemente a relembrar-nos que existem outros destinos para visitar. As canções são humildes e representam a simplicidade de Colleen. A utilização de samples e pedais, não significam que a compositora se tenha desprendido dos instrumentos orgânicos. Este novo álbum está longe do registo ancestral e majestoso de Les Ondes Silencieuses (2007), mostra-se mais futurista e menos orquestral. Contudo, o eterno minimalismo de Colleen alimenta a alma de A flame my love, a frequency.

Entra intermitente, a faixa inaugural “November” aparenta felicidade, e antecipa levemente a experiência que se pode retirar do álbum. A discrição habitual nos detalhes, os sintetizadores duplicam-se e partem-se por secções rítmicas que deambulam entre o estático e o “dançável”. As canções são relativamente longas, dão tempo para serem percorridas por teclas cintilantes e pela voz amanteigada de Colleen.

Apesar de este ano estar supostamente inalcançável, o Inverno faz-se sentir em “Winter Dawn”. A linha electrónica cria uma atmosfera cinzenta, mesmo que o horizonte seja colorido pelas entoações vocais da compositora. “Summer Night (Bat Song)” surge apaziguadora, melodicamente monótona e sem variações temporais. A canção homónima suspende-se por efeitos minimalistas, e desta forma, oferece um desfecho introspectivo ao disco.

Este trabalho ergue-se entre a discografia de Colleen, que sem recorrer a muitos meios de produção, consegue apresentar-se criativamente enriquecedor. Se anteriormente, o pequeno-almoço era servido ao som de The Golden Morning Breaks (2005), agora as manhãs cinzentas poderão preencher-se pelo clima harmonioso de A flame my love, a frequency.

Recordamos que o novo álbum de Colleen será apresentado, no próximo dia 7 de Dezembro, na Galeria Zé dos Bois. Os bilhetes estão à venda por 8€, na Flur Discos, Tabacaria Martins e ZDB. As reservas podem ser feitas a partir daqui.

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